segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Direto do Correio Braziliense...ainda sobre a liminar do provão

18/12/2010 -17:23
Prova
OAB vai entrar com recursos para reverter liminar de desembargador do TRF
Magistrado liberou dois bacharéis a exercer a advocacia mesmo sem passarem na prova. Segundo a entidade, filho do magistrado autor da decisão foi reprovado quatro vezes.


Correio Braziliense

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) prepara uma dupla ofensiva à decisão concedida no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), que considerou o Exame de Ordem inconstitucional e possibilitou a dois bacharéis a atuação na advocacia sem aprovação no teste. Apesar de a decisão liminar do desembargador Vladimir Souza Carvalho atender a uma ação  individual e beneficiar apenas duas pessoas, ela cria jurisprudência para a análise de outros casos no país. Para reverter a decisão o quanto antes, a OAB entrará com dois recursos: um no próprio TRF-5 e outro no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A previsão é de que as defesas pelo exame - uma das atuais exigências para se ingressar no quadro da OAB - sejam encaminhadas na próxima segunda-feira, uma semana após a decisão da Justiça.


O recurso que será enviado ao tribunal da 5ª região será um agravo regimental, instrumento que solicita a análise da ação ao conjunto de magistrados da corte, já que a decisão liminar (provisória) foi proferida por um único desembargador. Para acelerar uma nova decisão relacionada ao caso, a OAB vai acionar ainda o presidente do STJ: a ele, será encaminhado um recurso de suspensão de segurança, requisitando a urgente suspensão da medida liminar, antes mesmo do julgamento da ação pelo colegiado do TRF-5. Os recursos serão enviados pela OAB-CE, em conjunto com a OAB nacional.


O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, alega que a decisão do desembargador não reflete o posicionamento da grande maioria das jurisprudências sobre o caso. "A decisão é um entendimento pessoal. Nós iremos ressaltar que a Ordem está preocupada com o ensino jurídico de qualidade, nossa preocupação não é com a quantidade", disse. Segundo Ophir, não seria viável permitir a atuação automática dos egressos das 250 mil vagas em faculdades de direito ofertadas anualmente, em função da baixa qualidade das instituições de ensino.


Apoio à medida

O Movimento Nacional dos Bacharéis em Direito (MNBD) manifestou apoio ao atual posicionamento da Justiça - para o movimento, a manutenção do exame fere a Constituição Federal, que prevê "o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer".


Por meio de nota, o movimento afirmou: "O Dr. Ophir tem pleno conhecimento que o Exame de Ordem é inconstitucional (%u2026), mas a OAB tem imensurável interesse em manter o exame como reserva de mercado e pelos lucros que são gerados a cada exame". O MNBD afirmou ainda que o último exame, aplicado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve a geração de R$ 20 milhões, em função do elevado valor da inscrição (R$ 200). "A OAB não presta conta de seus recursos para ninguém, nem para o Tribunal de Contas da União como fazem os demais conselhos federais, como Crea, CFM, CFC, etc", acusou o movimento.


Além do debate relacionado à "reserva de mercado" e a prestação de contas, o Exame da Ordem traz um histórico de complicações. Um exemplo é o fato de que, no último dia 8, a FGV anunciou uma nova correção das provas do último teste, em função de equívocos ocorridos na divulgação dos espelhos de correção. Dos mais de 100 mil inscritos na última prova, apenas 12% foram aprovados.


Decisão suspeita

Além de pedir a revisão da decisão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai alegar a "suspeição" do magistrado Vladimir Souza Carvalho no julgamento da ação, pedindo assim o impedimento da atuação do desembargador no caso. O instrumento chamado "arguição de suspeição" deve ser encaminhado com o recurso da decisão. A motivação é o fato de Carvalho já ter manifestado, em artigo, posição contrária ao Exame de Ordem. Além disso, a OAB alega que o filho do desembargador, Helder Carvalho, teria sido reprovado quatro vezes na prova, entre 2008 e 2009. "Com esses fatos, o desembargador fica com um comprometimento de ordem ética impediente. Ele tem um entendimento pessoal, sendo que o mínimo que se espera em um julgamento é isonomia", criticou Ophir Cavalcante, presidente da OAB.


Uma decisão sobre o exame, independentemente das motivações a seu respeito, afeta a vida de bacharéis em direito - e ainda estudantes - como Robson da Penha Alves, 24 anos. Formado há um ano e meio, Robson estuda para a quarta prova da OAB, ao mesmo tempo em que ainda aguarda um recurso de prova anterior. Para Robson, a existência da prova do exame é interessante. No entanto, ele diz ter sido injustiçado na avaliação do exame. "Eu não sou contra o exame, sou contra a forma como é aplicado."


Robson conta que entrou com dois recursos para análise da prova, realizada no ano passado, mas até agora não teve um retorno.


Para o estudante de direito Arthur Nobre, 22 anos, apesar dos problemas a prova do exame é positiva. "Infelizmente, nem todos saem preparados da faculdade. E nós iremos lidar com causas relacionadas ao ser humano. Eu concordo com a existência de um filtro."



2 comentários:

  1. Well, well, well...

    Primeiramente quero manifestar meu descontentamento com o posicionamento do Eminente Desembargador. Sua atitude desmoralizou a instituição, reduziu a nada o exame e reacendeu a chama da inconstitucionalidade do mesmo, chama esta que nunca se apaga, devido, justamente, ao fato de filhos de ilustres personagens como estes que, via de regra não querem nada com a vida, uma vez que tiram o curso em faculdades que aprovam alunos nas coxas, jogando-os à sorte, e os mesmos, literalmente despreparados, não passam pelo crivo do exame de ordem.
    Notem, que os entrevistados já tentaram o exame mais de 04 (quatro) vezes; conheço uma jovem que já vai em 12 (doze), isso mesmo, eu disse 12(doze) exames de ordem.
    Gente... Creio deva ser tudo o que vimos na sala de aula e fomos submetidos às avaliações em períodos distintos... Vamos ai umas 03(três) tentativas... Vá lá!!!

    A meu ver, o exame de ordem é, de longe, a unica forma de separar o joio do trigo (até posso ser joio), de avaliar realmente quem está apto ao exercício da profissão; precisa ser revisto, é evidente, afinal, há controvérsia na avaliação, na correção, na arrecadação dos valores pagos pelos que se submetem ao exame enfim, deve haver sim uma reconsideração/revisão dos meios, mas, consideravelmente nunca dos fins.
    Fico às vezes imaginando como será o meu dia de exame, não imagino o curso sem este, haja vista empreender esforço em sobejo à conclusão do bacharelado. Fico pensando nas figurinhas que não comparecem às aulas, quando o fazem é por estarem em período de avaliações, ou por estarem prestes à reprovação por faltas, feito que se resolve facilmente, através de médicos que, por perjuro, lhes entregam atestados falsos, dando continuidade à farsa empreendida. Quanto às avaliações, o "modus operandi" está cada vez mais eficaz, no que diz respeito à cola.

    A imagem da ordem, através do exame, foi maculada e, se a mentira vais a anos-luz via internet, a verdade vai a galope. O desejo do Magistrado talvez fosse apenas os holofotes, ou criar uma jurisprudência para favorecer os incautos que insistem nos recursos e não sentem que melhor seria insistir nos estudos, ou mudar de profissão. A Bela. que conheço e que já se submeteu 12 (doze) vezes ao exame; se isso não for um sinal para mudar de profissão, os anjos dessa pessoa estão loucos por um meio de informar a mesma que siga a sua verdadeira luz, deveria tentar outra carreira, quem sabe até no turismo, teremos World Cup em 2014.
    Bem, não quero me arvorar mas, creio que posso pagar pela minha língua, instrumento que fere e, ao mesmo tempo apazigua. Um adendo. A meu ver, por uma questão de valorização das Instituições Academicas, a ordem deveria interferir, junto ao MEC, nestas e manter uma comunicação referente a: frequência, notas das avaliações, seminários, vida prática enfim, deveriam trazer o histórico do aluno à Ordem para, em seguida, sem prejuízos outros aos que insistem em não frequentar o curso, mas querem, às custas de liminar, estar vestidos a caráter preenchendo os corredores apertados dos fóruns, poderem ter os critérios acima avaliados e levados em consideração. Resolveria-se, destarte, a questão da saída de maus profissionais das Instituições Acadêmicas.

    Para finalizar, haja vista estar este atrevido "Futuru Nobile Causidicu" cada vez mais prolixo, volto a destacar o estrago feito na Instituição que, a partir de agora, terá que se explicar acerca de vários métodos institucionais adotados, dentre eles à prestação de contas.

    Meus caríssimos leitores, os textos publicados neste blog e em outros, podem ser conferidos também no blog "Lucubrações do Ksar": http://cronicasdoksar.blogspot.com/
    Desde já conto com o acesso e os comentários deixados por Vs. Exas.

    "Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Salmos 1:5"

    Pax Et Lux.

    Mário Cesar

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  2. Essa questão é complicada e dizer que determinada classe deve se submeter a uma prova para mostrar se está capacitado ou não para o mercado de trabalho é um erro, principalmente com o argumentoo seguinte argumento "Infelizmente, nem todos saem preparados da faculdade. E nós iremos lidar com causas relacionadas ao ser humano. Eu concordo com a existência de um filtro." Os profissionais de saúde também lidam com vidas e de uma forma bem mais delicada. E estamos presenciando erros gritantes nos dias de hoje, erros sem volta por assim dizer, que em muitos casos o paciente não tem uma segunda chance. Acredito que o filtro será a própria vida, o próprio mercado de trabalho.

    Se é para ter uma prova, então que tenha para todos! (Princípio da igualdade)

    Beijo

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